Vício em opióides – Nos Estados Unidos, cerca de 80 mil pessoas morreram em um ano por overdose de medicamento para dor

Um grave alerta acendeu na saúde pública americana diante de uma avalanche de processos de vítimas e médicos contra farmacêuticas dos Estados Unidos que produzem e comercializam medicamentos comumente usados para dor, mas que são viciantes e letais, como o Fentanil – um opióide que produz efeitos mais fortes que a própria heroína. Só em 2021, cerca de 80 mil americanos morreram vitimados pelo remédio.

A principal indústria no centro dos debates da Suprema Corte dos Estados Unidos, é a Purdue Pharma que, em 2014, entrou com pedido de falência para frear os processos. O que está em debate no tribunal é um acordo que protegeria a rica família Sackler de processos judiciais em troca de milhares de milhões para os prejudicados pela epidemia de opiáceos.

A Purdue, fabricante do analgésico OxyContin desde a década de 1990, tem sido acusada, entre outras coisas, de investir milhões em marketing enganoso que promete aliviar dores sem efeitos colaterais, e induz as pessoas à dependência, que pode levar à morte por overdose, motivo de uma das maiores crises de saúde pública do país. As atividades comerciais da Purdue estão suspensas. Especialistas dizem que qualquer decisão pode ter consequências importantes para outros casos que utilizam o sistema de falências para resolver reclamações de danos em massa.

A substância que leva ao vício
O ópio é uma substância derivada da papoula, pertencente à classe dos opiáceos e, portanto, pode ser uma droga natural ou sintética. Dela, podem ser extraídas a morfina, a codeína e a heroína. A papoula é uma planta asiática com seu uso datado desde a antiguidade. Os povos de origem suméria a chamavam de planta da alegria. Outros povos durante os séculos, fizeram seu uso de maneira recreativa, ritualística e estimulante. O efeito analgésico só veio a ter notoriedade a partir dos romanos. No entanto, os povos árabes já a utilizavam dessa forma, apenas não era reconhecida pelo resto do mundo. Os romanos que a vieram a popularizar nesse sentido. A princípio ela foi muito utilizada para aliviar dores intensas, pois age no sistema nervoso do indivíduo de forma que a percepção de dor é alterada, havendo uma maior tolerância.

Essa droga que afeta de forma negativa o corpo da pessoa, provocando grande tolerância, sendo necessárias doses cada vez maiores para se obter os mesmos efeitos iniciais. Além da tolerância, a droga pode causar dependência química, fazendo com que o corpo da pessoa fique refém do efeito gerado pela substância. De forma que suas relações e suas ações fiquem centradas no efeito da droga, desejando repetir o estado sob efeito da substância. Assim, tornando-se importante a discussão sobre esse recorte da dependência química e da história das drogas, para que você possa conhecer mais e entender seus efeitos e como é possível combatê-la.

O consumo de opioides no Brasil
Segundo uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz 4,4 milhões de pessoas no Brasil já fizeram uso de opióides de forma ilegal durante sua vida. Ainda há pessoas que os usam como analgésicos, não existe um número específico sobre, porém sabe-se que 4 em cada 10 pessoas sofrem com dor crônica no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor. Conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no ano de 2021 contamos com uma população de 213,1 milhões de pessoas. Sendo assim, se 4 a cada 10 brasileiros possuem dor crônica, são 85,2 milhões de pessoas que já fazem ou podem vir a fazer uso de medicamentos à base de opioides.

Destaca-se em especial, a prescrição de codeína e derivados, que representam 98% das prescrições médicas dos últimos anos relacionadas ao assunto. Esses medicamentos são geralmente prescritos para dores leves a moderadas e remédios para tosse. É importante também ressaltar que o purple drank , uma droga nova no Brasil, leva codeína ou medicamentos à base de codeína em sua mistura. Essa droga tem tido um aumento crescente em seu consumo, principalmente entre os mais jovens. O purple drank chegou efetivamente ao país em 2015, mas se espalhou rapidamente por conta de sua ligação com o cenário musical internacional e nacional do rap e funk. Seu uso se dá em sua maioria em festas.

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