Trabalhar com a produção agropecuária é estar quase permanentemente em risco, uma vez que a atividade depende de boas condições climáticas. E nos dias de hoje, em especial, isso torna-se ainda mais arriscado, em função das mudanças climáticas, o regime de chuvas, e influências como El Nino ou La Nina. Estamos em plena safra e os agricultores estão sempre com os olhos para o céu e para os dados oficiais que pesquisam permanentemente todo esse quadro. Uma bolha de calor prevista para esta semana preocupa.
O Projeto Siga/MS realiza esse estudo no Estado de Mato Grosso do Sul e aponta as condições de desenvolvimento das lavouras da soja. E acabaram de sair os dados que mostram a realidade da safra até a segunda semana de janeiro: por enquanto, está mantida a expectativa de produção aproximada em 14 milhões de toneladas de soja para a safra 2024/2025, com produtividade média de 51,7 sacas por hectare. Mas os números mostram que, em média, 70,9% das lavouras de soja no Estado estão em condições boas de desenvolvimento, enquanto 17,7% são consideradas regulares e 11,4% ruins.
Em melhores condições, com 93,5% das lavouras em situação boa e 6,5% regular estão as lavouras da região norte do Estado. Já as lavouras da região Sul apresentam as piores condições de desenvolvimento, com 39,5% consideradas boas, 34,6% regulares e 25,6% ruins. No total, foram cultivadas 4.501 milhões de hectares com soja na safra atual.
Faltou chuva no Sul de MS
Especialmente na região Sul do Estado, verificou-se escassez de chuvas o que impactou a agricultura. Em 24 municípios dessa área de MS as lavouras apresentaram desenvolvimento considerados abaixo da produtividade média estadual estimada. Em 30 dias de seca moderada, ocorreram poucas chuvas variando entre 1,4 milímetro e 66,6 milímetros, e 10 dias de seca severa sem precipitações na região.
No entanto, esse quadro mudou nos últimos dias. Foram registradas chuvas importantes em todo Estado. Observou-se um acumulado de chuva em 72 horas de 54,6 milímetros em Fátima do Sul, 76,6 milímetros em Cassilândia e 40 milímetros em Rio Verde de Mato Grosso. De qualquer forma, a estiagem entre setembro e meados de outubro afetou consideravelmente as lavouras da região Sul, que estavam na fase de desenvolvimento das plantas. Em dezembro, essas lavouras iniciaram o período de enchimento de grãos e, agora, em janeiro, estão no período de maturação e colheita.
Os técnicos do Siga/MS estimam que as próximas semanas serão decisivas para a região Sul. Os produtores esperam que nesta semana, como está previsto, as chuvas sejam generosas naqueles municípios que estão em maior dificuldade. Se a previsão de 16 dias se confirmar, espera-se volumes de até 203 milímetros para a região, “o que ainda pode salvar muitas lavouras que não iniciaram o período de enchimento de grãos, especialmente aquelas implantadas em outubro e novembro”, avaliam.
Ainda há um importante período de continuidade da safra com enchimento de grãos e da fase final das plantas sujeitas não apenas ao regime de chuvas, mas também as temperaturas. Para esta semana mesmo já está prevista uma bolha de calor que poderá elevar a temperatura em várias regiões do Estado para perto dos 40 graus ou até mais que isso em algumas regiões. Isso é sempre um fator preocupante para a fase final da safra até a colheita.
O Projeto Siga/MS (Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio) é coordenado pela Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação em parceria com a Aprosoja/MS – Associação de Produtores de Soja de MS e Federação de Agricultura de Mato Grosso do Sul.