Pela primeira vez em quase três anos, o Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu reduzir a taxa de juros básicos da economia brasileira. Na reunião de quarta-feira (2), o Copom cortou a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, caindo para 13,25% ao ano. A decisão surpreendeu o mercado, já que as previsões apontavam para uma redução de 0,25 p.p.
Dos nove membros do comitê, cinco votaram a favor da redução dos juros de 0,50 p.p., incluindo Campos Neto (presidente do BC).
O último corte de juros feito pelo BC foi em agosto de 2020 – 2,25% para 2%. Em 2022, o Copom elevou os juros até atingirem 13,75% em agosto e, desde então, a Selic foi mantida sete vezes.
Agora os investidores avaliam a decisão da autoridade monetária. Para as instituições financeiras consultadas pelo Banco Central, a Selic deve encerrar 2023 em 12%.
“Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores mais recentes de atividade econômica segue consistente com um cenário de desaceleração da economia nos próximos trimestres”, diz o comunicado do Copom, que também apontou que a inflação subjacente apresentou queda, mas ainda está acima da meta.
O Governo Federal vinha criticando o BC por manter a taxa em 13,75%, mas diante da redução significativa, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a queda na taxa básica de juros foi “fruto de muito diálogo” entre a Fazenda e o Banco Central e que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, que votou favorável à redução de 0,5%, teve uma posição técnica e não de concessão ao governo. “Eu tenho certeza que o presidente do BC votou com o que ele domina em economia. É um voto técnico, calibrado à luz de tudo o que ele conhece da realidade do país. O fato de que nós estamos, nesse momento, alinhados em torno da decisão não significa que houve concessão do BC. Era uma situação de votação apertada mesmo, por várias opiniões no mercado”, concluiu o ministro.