“Produtor rural de MS deve fechar 2024 no prejuízo”, diz pesquisador do Cepea/Esalq

“É uma safra diferente! Bem diferente da safra 2022/2023 . Nós tivemos a frustração, uma reação dos preços, e você percebe que a capacidade do produtor de sanar seus investimentos começa a entrar em risco.  Em 2023, começamos a entrar abaixo da linha média das últimas sete safras e isso começa a apresentar um sinal de alerta por algumas razões, em função da rentabilidade que nós estávamos vivenciando desde 2019/20 para cá. Os valores dos arrendamentos começaram a ficar mais caros, os valores das máquinas também começaram a ficar mais altos. E essa região de vocês, de Mato Grosso do Sul, começa a ter uma variação climática mais presente no dia a dia do que no passado”. 

Esse depoimento é do pesquisador do Cepea/Esalq, Mauro Osaki. Ele o apresentou durante sua palestra  na Expomara, feira agropecuária de Maracaju. Osaki mostrou uma radiografia das safras de soja e milho no Estado O alerta pessimista deixou produtores e lideranças rurais um tanto preocupados, principalmente porque já tem convido com problemas como alguns compromissos anteriores não resolvidos, a estiagem prolongada, as altas temperaturas nas lavouras, sem contar a baixa umidade do ar.

 Ainda de acordo com o pesquisador, o produtor rural deve finalizar o ano sem sanar as dívidas e sem fazer investimentos importantes.“O agricultor já está no negativo. Ele não conseguiu pagar suas contas.  E muitos ainda tem a safra passada pra pagar e não é de uma safra para a outra que se consegue solucionar isso. Soja você tem que pagar ano a ano e isso se torna um desafio maior”, salientou.

Mauro ponderou ainda que outra frustração do agricultor do Mato Grosso do Sul será com a safra de milho, que tem apresentado queda na produtividade desde 2021. “Quando a gente olha para a safra de milho, é muito fácil você ter uma frustração aqui na região, ou é geada ou é seca. Devemos fechar 23/24 no prejuízo”, afirmou.

Mesa redonda

Logo após o primeiro painel, foi realizada uma mesa-redonda. O diretor financeiro da Aprosoja/MS, Fabio Caminha, participou das discussões e ponderou que “a distribuição das chuvas foi muito irregular durante todo o ano e não há o que fazer para reverter. O que a gente precisa é fazer o dever de casa, acho que o cenário mudou e então precisamos enxergar os nossos números. O crédito está escasso, os juros estão altos, então o produtor precisa entender seu sistema produtivo e se reinventar”.

Nem tudo é negativo

O diretor-executivo da Abramilho, Glauber Silveira, expôs as oportunidades de expansão da cultura do milho. em funçao da produção de etanol no país.  “Uma tonelada de milho produz 450 litros de etanol. É um setor em expansão e está crescendo cada vez mais.  Nos últimos 10 anos, a safra de milho saltou de 72, 9 milhões para 114 milhões de toneladas. Novas rotas de produção vão garantir mais matéria prima para a produção de etanol”

A íntegra do evento pode ser conferida aqui.

(Com informações da Aprosoja/MS)

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