Incêndio que destruiu 10 barracos na Favela Mandela, aponta para erros da prefeita Adriane

O despreparo e descuido da Defesa Civil do município de Campo Grande pôde ser constatado nesta quinta-feira, quando da triste ocorrência de um incêndio na favela do Mandela, na região norte do município. Pelo menos 10 barracos de famílias da comunidade local foram completamente destruídos pelo fogo cuja origem, suspeita-se tenha surgido no uso de fogão à lenha e que, certamente, ganhou força pelas condições de seca da vegetação da região e pela temperatura que se aproximava dos 40 graus na manhã de ontem no local. É importante frisar que existem mais de 25 áreas espalhadas em outras regiões do município, que encontram-se em situação semelhante e onde também é usado o fogão a lenha e outras formas rudes para que a população cozinhe e que representam riscos sérios para a segurança dos moradores.

Vídeos gravados por moradores desesperados no momento em que o fogo começou e se alastrou pelos barracos, mostravam as reclamações com a demora na chegada dos bombeiros e de uma assistência maior do Poder Público, especialmente da Defesa Civil do município, que é quem tem a responsabilidade por cuidar desses assuntos. A área tem muito lixo, é muito seca e, com a ocorrência do incêndio, a área deveria ter sido urgentemente isolada, os moradores retirados para algum abrigo, mas nada disso foi feito. Um dos moradores, inclusive, se intoxicou com a fumaça pois investiu contra o fogo na ânsia de salvar coisas e atender seus vizinhos desesperados.

Voz da experiência

Ouvido pela Expressnews na quinta-feira por volta das 16 horas, o ex-chefe da Defesa Civil do município, major Pedro Centurião Filho primeiramente destacou que o papel da Defesa Civil é o de informar as autoridades municipais dos riscos existentes em cada área do município. “E lá é uma área de risco”, afirmou, referindo-se a Favela do Mandela. Se o trabalho da Prefeitura tivesse sido feito, com a devida prevenção, segundo o major Centurião Filho, aquela população deveria ter sido retirada de lá e colocada em outro local seguro.

“Mas os gestores nunca se preocupam com a prevenção. Pelo correto, a Defesa Civil deveria ter realizado os estudos preventivos que comprovariam o risco para as famílias de estarem numa região difícil, de risco. E a partir desses estudos, de forma conjunta com outras secretarias, como a Assistência Social, a Emha, o Gabinete do Prefeito, tomarem decisão de retirar a população daquela favela, onde o risco é facilmente visível”, afirmou.

Já que essa providência de prevenção não foi adotada e muito menos as demais fases de Mitigação, Preparação e Recuperação, que são as ações da Defesa Civil que se sucedem à Prevenção, no caso desse terrível acontecimento, com um incêndio de proporções graves, pelo menos o socorro teria que ser efetuado de forma mais rápida, mais organizada, envolvendo a Secretaria de Assistência Social conjuntamente com a Defesa Civil. E o que se viu foi demora, atraso e até a ausência da SAS.

Certamente esse triste incidente vai ter repercussão bastante negativa para a prefeita Adriane Lopes. Segundo o major Pedro Centurião Filho, que ocupou o cargo de coordenador da Defesa Civil do município de Campo Grande, e acabou sendo afastado pela prefeita, quando ainda ocupava o cargo ele orientou a todos sobre como a Defesa Civil deveria atuar, sugeriu inclusive a criação do Sistema Municipal de Defesa Civil que envolve todas as secretarias e forças públicas de fora do município, como o Corpo de Bombeiros, policias e outros órgãos. Apresentou seu projeto de ação dentro das normas da Defesa Civil que segue o rito da Prevenção, Mitigação, Preparação e Recuperação, mas nada foi levado em conta pelo Gabinete da prefeita.

Maurício Hugo

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