O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) divulgou, no começo desta semana,
um aviso de onda de calor. O alerta destaca os riscos para a saúde, mas também é
importante considerar os impactos negativos que o fenômeno pode causar na
atividade agrícola. O alerta destaca a elevação da temperatura iniciada nesta
segunda-feira, 18 de setembro e com término previsto na segunda-feira, 25 de
setembro. A previsão indica possibilidade de temperatura 5ºC acima da média,
podendo variar por período de três a cinco dias.
Desde o fim do vazio sanitário em 15 de setembro, os agricultores estão aptos para
o período de semeadura da soja que, no Mato Grosso do Sul, vai de 16 de setembro
a 24 de dezembro. Porém, o episódio excepcional de calor em grande parte do
Brasil nos próximos dias, com destaque para Mato Grosso do Sul, demanda
atenção e cuidados redobrados para a implantação das lavouras.
O pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Rodrigo Arroyo Garcia enfatiza
que vale a pena esperar um pouco mais para semear, assim o produtor terá mais
segurança para garantir um estande de plantas adequado e uniforme. E
complementa que “o calor excessivo no solo pode ter um efeito negativo no
desenvolvimento em sementes de soja recém-semeadas, pois temperaturas
extremas do solo podem causar danos às sementes, impedindo-as de germinar ou
se desenvolver adequadamente”.
A recomendação mais adequada para o momento é prudência. Dentro do possível,
o ideal seria adiar a semeadura para o fim da onda de calor. Do contrário, opte por
reduzir a área, escalonando o processo de semeadura”, informa Rodrigo.
Diante desta situação, Rodrigo chama atenção ainda para a relevância do plantio
direto, com destaque à cobertura com palhada e explica “além dos inúmeros
benefícios que os produtores já conhecem, o solo coberto com palhada representa
um grande aliado do produtor, pois diante de um cenário climático desfavorável
contribui com a redução dos impactos da amplitude térmica, mantendo as sementes
e a plântula de soja mais protegidas”.
O pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Éder Comunello destaca que a
temperatura do solo costuma ser bem mais intensa do que a do ar porque o solo
absorve o calor do sol e o retém por mais tempo, especialmente, nos horários mais
quentes do dia e informa que “temperaturas acima de 40ºC podem facilmente
superar os 50°C no solo”.
El-Niño
Éder informa ainda que a publicação do valor da anomalia de temperatura
do último trimestre (Junho-Julho-Agosto) confirmou que a próxima safra de verão
será sob os efeitos do El Niño e acrescenta “desde 2001, esta será a oitava safra de
verão cultivada sob efeitos de El Niño.
Já em relação à onda de calor, Eder explica que esse fenômeno é comum na
Região Centro-Oeste, mas que costuma ser intensificado sob condições de El Niño.
“O que é incomum são as altas temperaturas previstas para os próximos dias’.
O artigo intitulado “El Niño na agricultura: Estratégias para enfrentar um velho
conhecido” (https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/83430323/artigo—el-
nino-na-agricultura-estrategias-para-enfrentar-um-velho-conhecido), escrito pela
equipe de Agrometeorologia da Unidade reúne mais informações sobre o assunto.
O Artigo faz um levantamento histórico dos resultados de produtividade das
lavouras em safras sobre o efeito do El Niño. Além disso, o artigo reúne algumas
estratégias de manejo que podem contribuir com a redução do impacto do calor
excessivo nas lavouras.