Gripe Aviária preocupa produtores e autoridades de Mato Grosso do Sul

O mais recente alerta da incidência da gripe aviária no Brasil foi feito pelo ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, após visitar a Coordenação-Geral de Laboratórios Agropecuários, ligada à Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), onde conheceu o trabalho que está sendo realizado para o monitoramento das ações relacionadas à influenza aviária. O acompanhamento é diário das amostras que chegam para análise laboratorial, a fim de monitorar um possível aumento da demanda. “Caso a demanda de amostras aumente muito, disparamos outros laboratórios para darem conta. Esperamos não precisar utilizar essa capacidade toda, mas, se preciso for, o Ministério da Agricultura e Pecuária está preparado para analisar toda a demanda que for necessária”, explica o diretor do Departamento de Serviços Técnicos, José Luiz Vargas.

O Ministério da Agricultura e Pecuária confirmou a detecção dos primeiros casos do vírus da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade em três aves silvestre no litoral do Espírito Santo e no Rio de Janeiro. “A Coordenação- Geral de Laboratórios Agropecuários tem feito um exercício hercúleo de dar capacidade de análise das amostras recebidas durante o último ciclo de monitoramento, para dar tranquilidade ao sistema produtivo de que não temos a influenza aviária em granjas comerciais até o momento”, disse o secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart.

Em Mato Grosso do Sul, o governador Eduardo Riedel, e o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, reuniram-se nessa terça-feira (23), em Maracajú, com autoridades sanitárias e lideranças rurais para definir as medidas que serão tomadas após ser declarado estado de emergência zoossanitária em todo o território nacional. Também presentes, o superintendente Federal de Agricultura (SFA), Celso Martins; o presidente da Famasul (Federação de Agricultura de MS), Marcelo Bertoni; o diretor presidente da Iagro (Agência Estadual de Vigilância Sanitária Animal e Vegetal), Daniel Ingold; o presidente da Fundação MS, Luciano Muzzi; o secretário-executivo de Desenvolvimento Sustentável da Semadesc, Rogério Beretta, e o tesoureiro da Famasul, Frederico Stella.

A Portaria nº 587 – DOU de segunda-feira (22), com validade de 180 dias, visa prevenir a disseminação da doença na produção de aves de subsistência e comercial, além de proteger a fauna e a saúde humana.

O secretário Jaime Verruck explicou que a discussão com o governador foi para apresentar um caso recente que teve no Paraguai. “O governo do Estado já vinha adotando uma série de medidas na fronteira com a Bolívia, onde ocorreu um caso anteriormente. A decisão tomada pelo governador foi encaminhar unidades móveis de fiscalização para Porto Murtinho e Bela Vista, e também vamos fazer uma campanha de orientação, com apoio dos técnicos do Senar, no Assentamento Itamarati, em Ponta Porã. Dado a condição de fronteira, pode ser ali um ponto de risco elevado”.

O secretário frisou que os próximos passos será fazer um trabalho junto ao Paraguai para que monte barreiras nas fronteiras com o Brasil. Disse que o Governo do Estado vai intensificar a busca de recursos junto ao Ministério da Agricultura para que também aumente a fiscalização nas regiões lindeiras com o Paraguai.
“Portanto, o mais importante nesse momento é ficar alerta: os produtores, as pessoas, com ações de educação ambiental e barreira sanitária. São as duas medidas que podemos tomar em curto prazo”.

O diretor-presidente da Iagro, Daniel Ingold, destacou a importância da declaração de estado de emergência zoossanitária, enfatizando que essa medida permitirá a mobilização de recursos financeiros, logísticos e humanos para executar as ações necessárias.
“Estamos trabalhando em estreita colaboração com outros ministérios, organizações governamentais e não governamentais, nas esferas federal, estadual e municipal, para garantir uma resposta efetiva e impedir a propagação da doença”, afirmou Ingold.

Para o superintendente da SFA, Celso Martins, o importante nesse momento é manter as granjas protegidas. “O momento, agora, é de mudar a estratégia, no sentido de que, como no Brasil já tem ocorrência em aves silvestres, nós vamos ter também, fatalmente. Vamos intensificar as ações de vigilância e prevenção nas áreas comerciais, que é onde queremos evitar que haja qualquer problema”, disse.

O presidente da Famasul, Marcelo Bertoni, está otimista com a mobilização para proteger o Estado da contaminação. “Importante essa união das forças. A gente vai convocar o Fuprisa (Fundo Privado de Sanidade Avícola) para trabalhar junto com o Estado, e também nossos técnicos que vão mobilizar os produtores e explicar quais são os cuidados para evitar que a gripe aviária chegue nas granjas nossas.”

As aves silvestres da espécie Thalasseus acuflavidus, conhecidas como Trinta-réis-de-bando, foram encontradas nos municípios de Linhares, Itapemirim e Vitória. Com esses casos, já são oito registros positivos em aves silvestres, sendo sete no Espírito Santo e um no estado do Rio de Janeiro.

A população foi orientada a não recolher aves doentes ou mortas e para acionar o serviço veterinário local para evitar a propagação da doença. Até o momento, não houve registros de influenza aviária na produção comercial de aves, e o Brasil mantém seu status de livre da IAAP perante a Organização Mundial de Saúde Animal.

Suspensão de eventos
A Portaria nº 587 também prorroga, por tempo indeterminado, a suspensão de exposições, torneios, feiras e outros eventos com aglomeração de aves, bem como a criação de aves ao ar livre sem proteção na parte superior dos piquetes, em estabelecimentos registrados no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Essa medida se aplica a todas as espécies de aves criadas para produção, ornamentais, passeriformes, aves silvestres ou exóticas em cativeiro e outras finalidades.

Centro de Emergência
A Secretaria de Defesa Agropecuária estabeleceu o Centro de Operações de Emergência para coordenar, planejar, avaliar e controlar as ações nacionais relacionadas à influenza aviária. O COE será responsável por coordenar as medidas de prevenção, vigilância e cuidados com a saúde pública, além de articular informações entre os ministérios, órgãos governamentais, agências estaduais e setor privado.

A influenza aviária é uma doença altamente contagiosa que afeta aves, incluindo aves domésticas e silvestres. Embora não haja registros de casos em seres humanos até o momento, a declaração de estado de emergência zoossanitária visa prevenir a propagação do vírus, protegendo assim a saúde humana.

A Iagro, em conjunto com os órgãos competentes, continuará monitorando de perto a situação e implementando medidas de prevenção e controle para garantir a segurança da avicultura e preservar a saúde pública. A colaboração de todos é fundamental para o sucesso dessas ações, incluindo a conscientização da população sobre a importância de relatar aves doentes ou mortas aos serviços veterinários.

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