O ex-comandante do Exército, o general Marco Antônio Freire Gomes confirmou, em depoimento à Polícia Federal na última sexta (1/março), que foi convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para a reunião em que se discutiu ações golpistas contra a eleição de Lula (PT), em dezembro de 2022.
Na delação do Ajudante de Ordens do ex-presidente, tenente coronel Mauro Cid, ele contou que o general, ao ouvir sobre a pretensão de se instalar um golpe militar, teria ameaçado Bolsonaro de prisão: “Se o senhor for em frente com isso, serei obrigado a prendê-lo”, teria dito Freire Gomes, que sabia que um golpe não teria apoio de comandos regionais. Ainda segundo Mauro Cid, o almirante Almir Garnier, da Marinha, teria sido o único dos comandantes das três Forças a colocar as tropas à disposição do golpe de Bolsonaro – o brigadeiro Carlos Batista, da Aeronáutica, teria ficado calado.
Outra fonte afirmou que Freire Gomes teria dito a Bolsonaro e disse que não valia a pena ter 20 anos de problemas por 20 dias de glória e falou que não apoiaria o presidente mesmo que ele apresentasse indícios de parcialidade em favor de Lula pelo TSE e STF. Na reunião com o Alto Comando, em que teria sido aventado o golpe, a ideia seria barrar o avanço do judiciário sobre os outros poderes e adiar a posse de Lula por 6 meses, até que uma investigação concluísse pela fraude na eleição do petista.
Em meio ao suspense pelo que foi revelado pelo general Freire Gomes, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, lamentou que os militares tenham permitido serem manipulados e arremessados para dentro da política: “Fizeram um papelão no Tribunal Superior Eleitoral. Convidados para ajudar na segurança e para dar transparência, foram induzidos por uma má liderança a ficarem levantando suspeitas falsas”, afirmou Barroso em aula magna na PUC-SP.
