Especialistas discutem melhorias na gestão de risco climático na agricultura

Entre os dias 18 e 20 de junho será realizada na Embrapa Sede, em Brasília (DF), a 8ª Reunião da Rede Zarc Embrapa de Pesquisa e Desenvolvimento. O evento reunirá pesquisadores, autoridades, especialistas em políticas agrícolas, Proagro, crédito e seguro rural e representantes do setor produtivo para discutir a gestão de riscos climáticos na agricultura brasileira.

Uma preocupação crescente para a agricultura brasileira tem sido o agravamento dos riscos climáticos observados nas últimas décadas, em particular nos últimos anos. Entre as consequências estão o aumento da frequência e intensidade de eventos adversos com danos e prejuízos crescentes aos sistemas de produção, a redução progressiva de janelas de cultivo agrícola e de áreas de produção sustentáveis, dificuldades à implantação da segunda safra em várias regiões do país, expansão do semiárido e surgimento de regiões áridas no Brasil.

Dados do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres, do Ministério da Integração, indicam que eventos climáticos extremos causaram prejuízos de R$ 443 bilhões no Brasil, entre 2014 e 2023. Os impactos nos sistemas de produção agropecuários representam 81% desse total, com um crescimento expressivo nos anos mais recentes.

“A reunião tem como objetivo discutir a experiência e visão de representantes do setor produtivo, da pesquisa, do setor de seguros e crédito rural, e de formuladores e operadores de políticas agrícolas, sobre a gestão de riscos climáticos na agricultura”, explica o pesquisador Eduardo Monteiro, da Embrapa, coordenador da Rede Zarc.

Programação

No primeiro dia do evento, uma discussão será sobre política agrícola e gestão de riscos, com foco no Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) e Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). Participaram da discussão autoridades da Embrapa, Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Banco Central e Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg).

No período da tarde a discussão continua com foco na gestão de riscos e sustentabilidade da agricultura, no crédito e no seguro rural. Participaram como palestrantes e debatedores representantes da Federação Nacional de Seguros Gerais (Fenseg), da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Mapa.

Na quarta-feira pela manhã um painel abordará as estratégias de atuação das cooperativas agropecuárias na gestão de riscos e sustentabilidade de seus cooperados. Participam representantes da Coamo, CCGL, Comigo, Cocamar, Coopercitrus, Capal.

Já no período da tarde a programação terá foco em práticas de manejo agronômico como ferramentas úteis na gestão de riscos. Este tema é uma inovação que a Embrapa vem desenvolvendo para ser incluída no Zarc em todo o país. A proposta é levar em consideração o manejo de solo e outras técnicas conservadoras impostas na propriedade como mais um indicador para definição de risco. Quanto melhor o manejo, maior a resiliência do sistema produtivo e menor o risco de perdas por falta de chuva, por exemplo.

Na quinta-feira pela manhã, a pauta é dedicada às tecnologias de monitoramento e levantamento massificado de dados em áreas de produção. Participarão como palestrantes representantes da Embrapa, Polícia Federal e de algumas empresas que atuam no tema como Serasa, Visiona, SCCON e Agrorobótica. No período da tarde, a pauta é voltada aos colaboradores da Rede de pesquisa, com temas mais específicos de projetos de pesquisa e desenvolvimento em andamento, resultados preliminares e apresentação de novas propostas.

A 8ª Reunião da Rede Zarc Embrapa não é aberta ao público em geral, mas direcionada a setores de governo, organizações e empresas diretamente ligadas ao tema. Porém, detalhes em acompanhar o conteúdo poderão assistir a transmissão ao vivo pelo canal da Embrapa no Youtube ( https://www.youtube.com/@embrapa ).

Gestão de riscos climáticos na agricultura e no Zarc

A gestão de riscos compreende o conjunto de ações coordenadas para identificação e avaliação de riscos, implementação de estratégias de prevenção, redução do impacto ou transferência do risco e, por fim, acompanhamento dos resultados. O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) é um estudo agrometeorológico de avaliação de riscos, que delimita regiões de produção e épocas de plantio de acordo com suas probabilidades de perda de produção causadas por eventos meteorológicos adversos.

Uma análise desses amplos indicadores de risco para as diferentes culturas e regiões permitem aos produtores e técnicos avaliarem e decidirem quais as possibilidades e melhores opções quanto: culturas viáveis ​​para o seu município; a melhor época de plantio e produção; características de cultivares, se resilientes ou de alto potencial produtivo; a necessidade de práticas de manejo agronômico complementares ou obrigatórias; uso preferencial de cultivares de ciclo curto, intermediário ou longo; e as vantagens e vantagens ao concentrar recursos em uma única safra ou distribuir em duas ou mais.

As informações do Zarc são utilizadas no Proagro e na subvenção federal ao prêmio do seguro rural (PSR) como seletivas para evitar situações de risco muito alto, contribuindo para evitar perdas excessivas em áreas ou épocas de alto risco para a agricultura. O Ministério da Agricultura e Pecuária publica as portarias de Zarc com todas as informações. Os resultados do Zarc para mais de 40 culturas, diversos tipos de solo e em todos os municípios do Brasil também podem ser consultados facilmente pelo produtor rural por meio do aplicativo Plantio Certo .

(Embrapa Agricultura Digital)

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