CPMI do 8 de janeiro: Ex-diretor da PRF no governo Bolsonaro responde a senadores sobre a ação da Polícia Rodoviária nas eleições

Em reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, nesta terça-feira (20), o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques negou que a instituição tenha direcionado sua fiscalização para o Nordeste durante o segundo turno das eleições de 2022 e, assim, prejudicado a votação na região, que deu ampla maioria de votos ao presidente Lula. Porém, a relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), entre outros parlamentares da CPI, contestou as informações, demandando correções. 

O policial, hoje aposentado, estava à frente da instituição quando foram realizadas blitz em rodovias federais durante o segundo turno das eleições. De acordo com as denúncias noticiadas à época, a PRF estaria reforçando as fiscalizações e dificultando o voto dos eleitores dos estados do Nordeste.

Vasques afirmou que o Nordeste sedia a maior infraestrutura da corporação por concentrar a maior malha viária, ter o maior número de acidentes com vítimas, possuir a segunda maior frota de ônibus e registrar altos índices de crimes eleitorais: “Falou-se também que se encaminhou ao Nordeste brasileiro a maior quantidade de recursos para a operação. Seria natural que lá se encaminhasse a maior, porque, se tem o maior efetivo, é natural que, em número absoluto, quando você bota um percentual, você vai ter uma quantidade maior de pessoas a convocar, de viaturas para utilizar. Mas isso também não é verdade. O Nordeste ficou em terceiro lugar na média nacional do repasse de recursos”.

Eliziane Gama, porém, apresentou dados do Ministério da Justiça indicando que houve aumento no número de operações no segundo turno nos estados nordestinos: “Está havendo uma incompatibilidade aqui, e essa incongruência precisa ser sanada. Eu vou, inclusive, solicitar [dados] também no próprio órgão da Polícia Rodoviária Federal, na própria Polícia Federal e no Ministério da Justiça pra tentar dividir melhor cada um dos seus dias [com as quantidades de fiscalizações e detenções”, afirmou Eliziane ao criticar as diferença entre os dados. 

Segundo o deputado Duarte (PSB-MA), o Nordeste passou de 1.378 inspeções, fiscalizações e operações no primeiro turno, para 2.842 no segundo turno. Já a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) trouxe à CPMI levantamento da PRF informando que foram feitas, em 30 de outubro de 2022, 2.185 fiscalizações no Nordeste, enquanto no Sudeste foram 571. Ainda segundo esses dados, o Nordeste teve 48 ônibus retidos enquanto que o Sudeste, muito mais populoso, registrou nove. “Isso mostra, objetivamente, um foco na localidade onde o presidente Lula tinha mais votos”, disse a deputada.

Em defesa do depoente, o deputado Delegado Ramagem (PL-RJ) lembrou do balanço positivo feito pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, ao avaliar os dois turnos das eleições passadas como argumento para reforçar os dados apresentados por Silvinei. “O presidente do TSE, ministro do STF Alexandre de Moraes, logo em seguida ao pleito eleitoral do segundo turno, afirmou que, apesar da polarização do pleito presidencial, a eleição ocorreu de forma pacífica”, destacou Ramagem.

com informações da Agência Senado

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