Considerado um dos símbolos da integração fronteiriça de Corumbá com a Bolívia, a saltenha (do espanhol salteña) é uma iguaria da culinária do vizinho país que caiu no gosto dos corumbaenses e hoje é o salgado (se assemelha a um pastel ou empanado) mais consumido na região e também muito apreciado pelos turistas. No dia 10 de novembro, o evento Saltenha Fest celebra em Corumbá os laços culturais locais através da gastronomia.
A iniciativa é do ativista cultural corumbaense Arturo Ardaya, 62, descendente de pais bolivianos e também confeiteiro da verdadeira saltenha, cuja origem, ao contrário do que se imagina e se propaga, não é originária de Salta (Argentina). A sua criadora, Juana Manuela Gorriti, era de Salta, mas foi durante exilio na Bolívia, no final do século 19, que passou a vender a “empanada caudaloso” que logo ganhou popularidade com o nome de “saltenha”.
Quebrar resistência
Organizador de eventos e manifestações em favor de uma maior integração dos corumbaenses com os bolivianos, os quais são, muitas vezes, discriminados, Arturo Ardaya teve a ideia de criar o Saltenha Fest para aproximar os moradores fronteiriços através da gastronomia dos altiplanos incorporada pelos corumbaenses. Com seu empenho, em 2021 a Câmara de Vereadores de Corumbá criou por lei o Dia da Saltenha, comemorado em 10 de novembro.
“O corumbaense se apropriou da saltenha e outros sabores da Bolívia e o festival surgiu para quebrar alguma resistência que ainda exista nessa relação fronteiriça”, diz o idealizador do evento, que chega a sua quinta edição e será realizado no porto-geral de Corumbá. Haverá uma praça de alimentação e shows com banda da Bolívia e outros convidados. No ano passado, foram comercializadas oito mil saltenhas e contou com a presença de um grande público.