A abertura da pesca esportiva em Mato Grosso do Sul, em 1º de março, abre um novo ciclo de expansão da modalidade com a presença forte de Bonito no segmento – até então um destino consagrado de ecoturismo -, como polo de uma prática que atrai milhares de turistas ao Estado.
A pavimentação da MS-345, a Estrada do 21, obra com mais de 95% concluída, potencializará o distrito bonitense de Águas do Miranda, distante 80 km da sede e 170 km de Campo Grande. A beleza cênica da estrada deverá despertar também o interesse ecoturístico pelo lugar.
Banhado pelo piscoso Rio Miranda, que limita Bonito com Anastácio, o distrito passa por um processo de transformação econômica com o asfalto. Era uma região sem perspectivas de crescimento e um turismo fragmentado e pouco divulgado até a chegada dos investimentos do Governo do Estado.
A pesca é uma das principais atividades que movimenta o comércio e gera emprego e renda na comunidade. E a facilidade de acesso, criando uma nova rota entre a Capital e Bonito pela antiga estrada, reduzindo em 50 km a distância, fomenta e cria um novo perfil de turismo local.
“Estamos trabalhando na reestruturação do distrito, não apenas do turismo, melhorando os serviços públicos, e qualificando a mão-de-obra em hospedaria, gastronomia e atendimento”, informa Juliane Salvadori, secretária de Turismo, Indústria e Comércio de Bonito.
Mais natureza
A reorganização do turismo local é um dos primeiros passos, segundo ela, visando oferecer serviços e produtos de qualidade a um público mais exigente, que é aquela que visita a Capital do Ecoturismo em busca de experiências em suas águas cristalinas, e não apenas ao pescador.
“Com o fácil acesso, quem visita Bonito terá mais uma opção de lazer, que é conhecer os atrativos do distrito e prolongar sua permanência em mais dois dias, o que vai agregar em muito à economia do município e movimentar toda a cadeia produtiva do turismo”, cita.
Para a secretária, o asfalto vai atrair um novo perfil de turista à Águas do Miranda – em busca de suas belezas naturais, como os vales, morraria, pontos de banho nos rios, cavalgadas, trilhas e o próprio sossego característico da comunidade. “Um turismo mais família”, observa.
Se preparando para as demandas, a prefeitura de Bonito está organizando um calendário de cursos nas diversas áreas do segmento, e um dos primeiros, Delícias do Anzol, em parceria com o Sebrae, será realizado em abril. Outro será destinado aos piloteiros, com apoio da Marinha.
“Vamos inserir o distrito em nossa prateleira de produtos, incluindo a pesca como novo atrativo, mas, ao mesmo tempo, incentivando e qualificando a exploração das belezas naturais justamente para atender a esse novo turista que visitará o lugar”, explica Juliane Salvadori.
Festival de Pesca
A inclusão de Águas do Miranda no calendário de eventos é outra iniciativa da prefeitura, que já anunciou para 26 a 28 de abril a realização da segunda edição do Festival de Pesca Esportiva, que terá extensa programação gastronômica e de shows, além das provas embarcada e infantil.
O asfalto e o apoio do município animam o trade turístico, que conta com boa estrutura de serviços em vários níveis: são hotéis, pousadas, pesqueiros e ranchos, com áreas de camping, chalés, piscinas. Apostando nesse boom, os empresários estão investindo na melhoria do atendimento, reformulando seus espaços para oferecer mais conforto e comodidade.
O Cabana do Pescador, situado na beira do Miranda, por exemplo, investe R$ 1,5 milhão desde o ano passado na ampliação do hotel, novo deck, climatização e projeta a construção de suítes com hidromassagem. Operando há 50 anos, é um dos empreendimentos pioneiros, com 50 leitos.
O asfalto já mudou muito, hoje praticamente estamos lotados para a pesca e esperando esse novo turista que virá de Bonito”, diz o gerente Renato Falcão. O Hotel-Fazenda Dona Terezinha, entre Bonito e o distrito, com 52 leitos, registra aumento de 30% nas reservas para este ano.
Os empreendimentos distantes da área urbana têm um diferencial: maior abundância de fauna e flora e as corredeiras do Rio Miranda, onde se pesca grandes exemplares de dourado, jau e pintado. “A água é mais cristalina”, relata John Lennon Oliveira, do Toca do Jacaré, 33 leitos.