O emprego estratégico de capim-mombaça como cobertura do solo é capaz de controlar espécies espontâneas em Sistemas Agroflorestais (SAFs) em todas as regiões. Estudo realizado no Sítio Agroecológico da Embrapa Meio Ambiente, em Jaguariúna (SP), revelou que a utilização dessa técnica foi comprovada em significativamente pela diversidade de espécies, pelo número de plantas e pela massa fresca dessas plantas indesejáveis em comparação com áreas de solo descobertas.
Ao comparar duas quantidades diferentes de biomassa roçada em uma entrelinha de 5 metros de um SAF e aplicadas em parcelas na linha de árvores frutíferas, os cientistas observaram que a biomassa correspondente a 50% da quantidade total gerada, embora tenham uma eficiência de controle inferior a quantidade de biomassa total, essa diferença não se mostrou estatisticamente significativa nos parâmetros avaliados.
De acordo com o analista da Embrapa Meio Ambiente Waldemore Moriconi, “os resultados indicam que quando o objetivo de controlar o mato das linhas do Sistemas Agroflorestais com entrelinhas de 5 metros de largura, os agricultores podem adotar a prática de utilizar 50% da biomassa produzida na entrelinha, mantendo os outros 50% na própria entrelinha, beneficiando também o rebrote do capim mombaça e poupando 50% da mão de obra necessária para as operações de manejo como o transporte e a distribuição da biomassa, ou mesmo utilizando o capim roçado para alimentação de animais, por exemplo”, explica ele.
Para Laleska Rabelo da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), o estudo ressalta a importância dessa estratégia diante dos desafios enfrentados pelos agricultores que adotam SAFs, especialmente no que diz respeito ao custo das operações de manejo, sendo que uma mão de obra para controle de espécies espontâneas é uma operação mais onerosa.
Em outro estudo realizado pela equipe da Embrapa Meio Ambiente, os dados coletados ao longo de um ano em um SAF evidenciaram que a operação de capina consumiu 66% do tempo total gasto nas operações realizadas por um agricultor familiar. Pesquisas realizadas em cultivos consorciados de hortaliças em entrelinhas de SAFs em canteiros com o uso de resíduos triturados da arborização urbana reduziram 75% do tempo de mão de obra de controle das espécies espontâneas, comparados com canteiros sem cobertura do solo.
O pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Joel Leandro de Queiroga enfatiza que a cobertura do solo, tradicionalmente recomendada em sistemas agroecológicos, revela benefícios adicionais além do controle de espécies de distribuição e conseqüente redução da mão de obra. “Há também redução das perdas excessivas de água por evaporação, retendo e conservando a umidade do solo, protegendo o solo dos impactos erosivos provocados pelas chuvas, entre outros. Além disso, a prática contribui para enriquecer o solo com nutrientes, melhorando o desempenho das culturas”, destaca Queiroga.
Os resultados desta pesquisa reforçam a previsão e a eficácia da cobertura do solo com capim-mombaça como uma estratégia no manejo de espécies espontâneas em SAFs, fornecendo não apenas benefícios agronômicos, mas também contribuindo para a otimização do tempo dos agricultores e dos seus custos nas operações de manejo.
Também participou do estudo, apresentado no 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia, Luiz Octávio Ramos Filho da Embrapa Meio Ambiente; Davi Rassi da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar); Ítalo Mira do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas (IFSulMinas); Maria Fernanda Silva da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e; Vitor Guarnieri da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).