Rita Lee Jones de Carvalho nasceu em São Paulo, em dezembro de 1947. A cantora, compositora, multi-instrumentista, atriz, escritora e ativista brasileira ficou conhecida como a “Rainha do rock brasileiro”.
De 1966 a 1972, Rita fez parte da “psicodélica” banda Os Mutantes, com Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, cantando, compondo, tocando flauta e percussão, com performances especiais no sintetizador, no banjo e outras bizarrices como um gravador portátil (como na música “Caminhante Noturno”) e uma bomba de dedetização (em “Le Premier Bonheur du Jour”). A banda explodiu como sucesso em 1967, ao acompanhar Gilberto Gil no III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record na apresentação da canção “Domingo no Parque”.
Os Mutantes gravaram seis álbuns (o primeiro, de 1968, é considerado uns dos álbuns mais importantes da história da música brasileira), que deram origem a hits como “A Minha Menina”, “Dom Quixote”, “Balada do Louco”, “2001 (Dois Mil e Um)” e “Ando Meio Desligado”. Até 1972, Rita foi casada com Arnaldo, mas o divórcio só seria assinado em 1977. E a separação musical também aconteceu.
Logo, com a amiga Lúcia Turnbull forma a banda Tutti Frutti, que também contava com Luis Sérgio Carlini e Lee Marcucci. A gravadora Philips os contrata e exige que o grupo assine como “Rita Lee & Tutti-Frutti”. O primeiro disco do grupo não é lançado por problemas com a censura e com os executivos, que o consideraram “alternativo demais”. Então, voltam ao estúdio e “Atrás do Porto Tem uma Cidade” é lançado em 1974.
Em 1975, a Som Livre lança “Furto proibido”, disco que traz sucessos como “Agora Só Falta Você”, “Esse Tal de Roque Enrow” e “Ovelha Negra”, clássicos do rock brasileiro. O disco vendeu mais de 200 mil cópias na época. e o sucesso não parou mais.
Em 1976, após superar uma crise de estresse, Rita conhece o músico carioca Roberto de Carvalho e inicia uma parceria musical e amorosa de sucesso, que seguiu até sua morte nesta terça-feira (9).
Durante sua primeira gravidez com Roberto, foi presa por porte e uso de maconha, episódio considerado um dos mais truculentos da ditadura militar (1964-1985). Mesmo grávida, Rita foi condenada a um ano em prisão domiciliar, precisando de permissões especiais do juiz para sair de casa e fazer shows. Abalada e sem dinheiro, compôs com Paulo Coelho a polêmica “Arrombou a Festa” — música que criticava o cenário da MPB da época — cujo compacto vendeu mais de 250 mil cópias.
Em 1978, a banda lança o disco Babilônia, que produziu os singles bem-sucedidos “Jardins da Babilônia”, “Agora é Moda” e “Eu e Meu Gato”. Outro destaque do disco foi a futurista “Miss Brasil 2000”. Apesar de já conter influências da música disco e do pop, fruto da participação de Roberto de Carvalho, Babilônia tem sido considerado por muitos como o último disco verdadeiramente de rock de Rita. Depois do lançamento deste, a banda desfez-se. Carlini, insatisfeito com sua posição secundária, resolve deixar o grupo e leva consigo o nome “Tutti Frutti”, o qual havia sido registrado por ele.
Rita alcançou a marca de 55 milhões de discos vendidos, sendo a quarta artista mais bem-sucedida no Brasil, atrás de Tonico & Tinoco, Roberto Carlos e Nelson Gonçalves. Construiu uma carreira que começou com o rock, mas flertou com diversos gêneros, como a psicodelia durante a era do tropicalismo, o pop rock, disco, new wave, a MPB, bossa nova e eletrônica, criando um hibridismo pioneiro entre gêneros internacionais e nacionais.
Após uma luta de quase três anos contra um câncer de pulmão, Rita Lee deixa um legado artístico imensurável. Eternamente será uma das vozes femininas mais influentes do Brasil. Sua trajetória musical marcou para sempre a história do rock brasileiro, considerada por muitos como uma obra-prima.