Área inútil vira Agrovila, e case de sucesso em Naviraí

O chão de areia ao lado de um presídio de segurança máxima parecia condenar uma área a permanecer deserta em Naviraí. Porém, graças à extensão rural, o local se transformou em uma agrovila altamente lucrativa para os agricultores familiares que decidiram apostar no projeto, mostrando que mesmo em áreas pequenas é possível viver da terra.

Roberto Gomes Lucas é uma dessas pessoas. Ele morava na cidade e trabalhava construindo casas. O convite para trocar o conforto da zona urbana por uma pequena casa erguida em 1,2 hectare parecia loucura, mas algo lhe dizia que estava diante de uma excelente oportunidade.

“Vim para cá com a cara e a coragem, abraçando a ideia de cara. Tudo o que eu faço na minha vida é com determinação. Se eu começo, eu termino. Eu entrei aqui com o objetivo de prosperar. Com a venda das hortaliças, eu consegui trocar de carro e agora estou ampliando a minha casa”, diz o ex-empreiteiro.

As casas, aliás, são um indicativo de que o projeto deu certo. A ideia contou com apoio da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), mas quem a tirou do papel foi a prefeitura. Em cada terreno foi erguida uma casa popular simples, dessas típicas de programas habitacionais com poucos cômodos. Hoje, uma pequena volta no Distrito Verde mostra que aquela cara de bairro simples e distante já deu lugar a ampliações ousadas. Entre sobrados e jardins floridos, o lugar hoje é cobiçado e não é difícil achar quem já tenha desembolsado altas cifras para comprar um pedaço de chão ali.

“Foi em 2008 que as primeiras famílias chegaram. Para que o projeto desse certo, sabíamos que era necessário que elas tivessem perfil para trabalhar com agricultura e espírito empreendedor. Por isso que fizemos um questionário e aplicamos aos interessados na época. Talvez isso tenha sido um dos fatores que garantiram o sucesso desse local”, diz o servidor da Agraer em Naviraí, Ronaldo Botelho.

O engenheiro agrônomo na época ocupava o cargo de vice-prefeito, mas com espírito de extensionista. “A primeira coisa que me motivou foi o amor por essa atividade, depois conferir a essas pessoas uma sustentabilidade para que elas conseguissem fazer seus futuros em cima da propriedade. Depois, a tecnologia e a inovação conseguiram melhorar a produção”.

Esse afeto pela terra Roberto tem de sobra. Ele trabalha principalmente com hortaliças, mas também tem alguns pés de pitaia e abacaxis que geram uma renda a mais. Porém, o maior sucesso do agricultor familiar foi passar essa paixão a Roberto Gomes Lucas Filho, que aos 20 anos não pensa em deixar a propriedade.

A Agraer segue dando assistência técnica no distrito, embora muitas propriedades já caminhem com suas próprias pernas. Ainda assim, Ronaldo percorre com orgulho as estradas que um dia não tinham nada ao redor. “Essa é a verdadeira força da agricultura familiar”, completa.

 

 

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