As mudanças climáticas têm impactos reais na vida das pessoas. Uma das consequências é a dificuldade no acesso a alimentos quando a produção é afetada.
Segundo especialistas, a agricultura convencional contribui para o aquecimento global. E isso impulsiona as mudanças climáticas que geram impactos negativos sobre o próprio cultivo de alimentos. É o que explica a pesquisadora da Embrapa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Mariane Carvalho Vidal.
De acordo com a Climate Watch, que reúne dados do clima e das atividades humanas, a agropecuária convencional emite 20% dos gases de efeito estufa.
O agrônomo e pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Jean Philippe Revillion, explica como isso acontece. No caso do metano liberado pelo gado, temos que diferenciar os animais confinados, alimentados com ração, dos que vivem no pasto.
Para especialistas em pecuária, na pastagem, o gado libera metano, mas não acrescenta carbono extra à atmosfera. Isso porque esse carbono do metano entra depois no crescimento do pasto em um processo chamado de fotossíntese.
É o que explica a especialista em pecuária orgânica e médica veterinária pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Ângela Escosteguy. Para ela, a pecuária que causa problemas ao meio ambiente é a de confinamento e não a de pastagem.
Segundo o agrônomo Jean Revillion, a emissão crescente dos gases do efeito estufa já impacta a agropecuária.
Estudos da Embrapa apontam que 80% das terras agricultáveis no mundo são cultivadas com poucas espécies vegetais. E isso afeta a resiliência das culturas: a capacidade de adaptação e resistência às mudanças climáticas. E o impacto nas próximas décadas será na produtividade agrícola, na avaliação da pesquisadora da Embrapa Mariane Vidal. Para a Embrapa, os eventos climáticos extremos já são responsáveis por 25% a 35% das oscilações dos preços agrícolas.
E, para a ONU, com o crescimento da população, os preços serão mais altos, com escassez de alimentos. Então, é preciso agir.