O presidente da Argentina, Javier Milei, suspendeu, nesta segunda (4), por uma semana as atividades da estatal de notícias Télam, e mandou que a polícia fizesse um cerco aos escritórios da agência em Buenos Aires, e ameaçou de fechamento por supostamente “ser um instrumento de propaganda”.
Durante seu discurso de abertura do ano legislativo no Congresso, Milei alegou que a agência foi “utilizada durante as últimas décadas como agência de propaganda kirchnerista”, em referência à corrente política da ex-presidente Cristina Kirchner. No início de fevereiro, o novo governo ultraliberal argentino decretou a intervenção pelo prazo de um ano em todos os meios de comunicação estatais para “modificar a estrutura orgânica e funcional”.
A agência Télam tem 78 anos de funcionamento, mais de 700 funcionários, entre administrativos, jornalistas e fotógrafos emitindo mais de 500 notas por dia com informação nacional no rádio e nas redes sociais.
A medida afeta postos de trabalho de mais de 700 famílias, e fere o direito à informação. Os trabalhadores avaliam medidas em todas as frentes: política, sindical e jurídica” para reverter a decisão. Jornalistas fizeram um protesto em frente à agência, mesmo com o prédio cercado por policiais do governo.
O porta-voz presidencial, Manuel Adorni, confirmou que o governo havia suspendido o quadro de funcionários e declarou que “isso não tem nada a ver com pluralidade de informação nem com liberdade de imprensa”.