A música é uma expressão profunda da alma de um povo, desempenhando um papel vital na Reforma Agrária. A relação com a terra não apenas gera alimento, mas também identidade cultural, músicas e resistências. Nesse contexto, a sanfona se destaca como um símbolo da cultura nacional, especialmente no cancioneiro popular nordestino.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) reconhece a importância da sanfona e investe em um projeto inovador: um curso nacional para formar 25 novos sanfoneiros e sanfoneiras de diferentes regiões do país. Essa iniciativa visa fortalecer a presença desse instrumento nas atividades culturais, além de preservar e promover a rica tradição da cultura popular.
A primeira etapa do curso teve início na última terça-feira (09), e segue até o próximo dia 21, no Centro de Formação Frei Humberto, em Fortaleza, Ceará. Os participantes, que em sua maioria não têm experiência prévia com o instrumento, estão sendo orientados por educadores da área, recebendo aulas de iniciação musical e de sanfona.
Nonato Lima, cantor, compositor, sanfoneiro e facilitador do 1º curso de sanfoneiros e sanfoneiras da Reforma Agrária, expressou a alegria em participar desse momento: “Para mim, está sendo um prazer ter essa missão nesse curso de acordeom do MST. Essa é a primeira vez que participo de um curso com essa intensidade de aulas. É um curso inovador, espero que seja o primeiro de muitos, e no que depender de mim com na contribuição da formação desses alunos, todos irão sair daqui tocando muita sanfona, levando muita arte, muita cultura para o Brasil todo, nosso Brasil merece isso”.
Atividades práticas e culturais
Além do estudo teórico e a prático da sanfona, os participantes terão a oportunidade de participar de atividades culturais na cidade de Fortaleza, encontrando-se com músicos e musicistas locais. A iniciativa também busca promover um compromisso de estudo coletivo e individual, além de fortalecer os laços entre os participantes, vindos de diversas regiões do Brasil.
Cynthia Milena, militante do MST no estado da Paraíba, é uma das participantes do curso. Ela destaca a importância da formação para potencializar a arte e a cultura nas áreas de Reforma Agrária: “O MST está propondo para nós a sanfona como um importante instrumento para animar nossa base, nos encontros, festivais e a importância maior ainda é a participação de mulheres. É um desafio grande, mas vamos seguir ocupando mais essa frente da nossa luta”.
“A música sempre se fez presente na luta pela terra, pela Reforma Agrária, e é parte da cultura popular do Brasil e também dos camponeses e camponesas. Agora a gente dá um passo a mais, com a formação de militantes do MST nesse desafio de reforçar a cultura brasileira, aprendendo esse instrumento que une o Brasil de Norte a Sul. O desafio é animar as festas, animar as lutas e fortalecer a cultura popular brasileira”, afirma Raul Amorim, da Direção Nacional do MST e da Coordenação Política Pedagógica do curso.
O 1º Curso de Sanfoneiros e Sanfoneiras da Reforma Agrária é organizado pelo Coletivo de Cultura do MST e conta com o apoio da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, através do Instituto Dragão do Mar com a Escola de Arte Porto Iracema.
As demais etapas do curso irão acontecer no decorrer do ano, parte no formato presencial e também de forma virtual.