Técnica da WWF mostra importância dos “corredores ecológicos” para os municípios

Uma das palestras que chamou muito a atenção dos participantes do Encontro Estadual de Secretarias de Meio Ambiente de MS, realizado nos dias 8 e 9 deste mês de novembro, foi a que tratou dos Corredores Ecológicos, ministrada pela representante da WWF, Cyntia Santos. Conforme ela explicou na abertura de sua fala, os corredores ecológicos são ferramentas de planejamento do que a gente entende por estratégias de conservação.

“Então, o que a gente veio mostrar aqui para o pessoal dos municípios é que os corredores ecológicos são uma ferramenta que pode ser usada de forma eficiente no planejamento territorial”. Na hora em que o município está pensando ou planejando ações como a elaboração de um zoneamento agroecológico e econômico, na hora que quer abrir uma estrada, elaborar um plano diretor, enfim, qualquer ação, essa ferramenta vai ser de grande valia, pois as ações serão racionais, protegerão o meio ambiente e até se evitará desperdícios de recursos”.

“Quando se pensar em conectar áreas de preservação que tragam benefícios para a sociedade, com vistas ao bem estar das populações, os técnicos estarão muito melhor preparados para realizar as ações respeitando os corredores, buscando as melhores soluções”, enfatizou.

A técnica da WWF citou como exemplo a cidade de Campo Grande que, segundo ela, tem corredores lineares. “Esses parques lineares existentes em Campo Grande, são corredores que trazem essa conectividade de áreas de córregos urbanos, associados com a vegetação nativa no entorno, são locais que as pessoas usam para o lazer nos finais de semana, buscando uma área urbana de temperatura mais amena, Então, a gente veio mostrar que essa ferramenta dos corredores ecológicos é muito útil no planejamento territorial e que pode ser usada como incentivo inclusive, em desenvolvimento de situações dos setores econômicos, porque gera, por exemplo, água, você tem o planejamento para o uso do solo, você tem uma idéia de como os arranjos da paisagem estão constituídos. Então, é uma série de benefícios que, em conjunto, fazem com que o desenvolvimento local seja muito melhor, muito mais eficiente, do ponto de vista de planejamento”, destacou.

Pela legislação, a criação dos corredores tem a função da proteção da biodiversidade e a conexão das espécies. “Então, a gente tem, através das unidades de conservação e dos remanescentes vegetais nativos, uma passagem de fluxogenicos, tanto de plantas como de animais. Esses corredores, proporcionam esses ambientes que são as ‘casas’ dos animais, dos seres vivos que estão nesses locais. Ao mesmo tempo, é uma conectividade. Muitas vezes o corredor está associado com áreas de preservação permanente, reservas legais, que se conectam”, explicou.

Ela explicou também que existe todo um planejamento para um território ou uma região ser denominada como corredor ecológico. O Ministério do Meio Ambiente já trabalha com isso faz muito tempo. Oficialmente, os corredores da Mata Atlântica e da Amazônia já existem. São conjuntos de muitas áreas, existentes por vários estados que se conectam a áreas de unidades de conservação, comunidades locais tradicionais, outros fragmentos de reservas, fluxos de rios. E todo esse conjunto de elementos compõe então esse corredor. A ideia é você permitir a conexão de vida de um ponto ao outro, fazendo o deslocamento das espécies e das plantas também. Quando você tem uma variação boa de dispersão de sementes, uma conformação florestal com essa diversidade de espécies, torna muito rico o ambiente dentro do corredor.

Complementa afirmando que tudo é instituído com planejamento oficial. Existem muitos critérios pra se formar e consolidar um corredor ecológico oficial. E existem também, os corredores privados. E que também são feitos através de muito estudo e pesquisa. “Aqui na região de Miranda e Aquidauana, temos o pessoal da Fazenda Caimã e região,  que tem uma proposta da corredor ecológico privado, no entorno. São várias propriedades em conjunto, unindo suas reservas legais, nesse contexto de paisagem e trazendo essa estrutura de corredor. A gente incentiva que esse tipo de ferramenta, de iniciativas, sejam desenvolvidas nos municípios, em territórios regionais”, explicou.

E concluiu afirmando que “hoje aqui no evento, eu estou trazendo essa visão dos corredores. Antes, há 20 anos ou mais, os corredores eram vistos só como um grupo de unidades de conservação que estavam lá e o Governo tinha obrigação de manter e fomentar. Hoje, com a evolução tecnológica, com dados científicos muito mais apurados, com o desenvolvimento de sistemas de informações geográficas e monitoramento, esse conhecimento se ampliou bastante e os resultados, logicamente, também são muito melhores”.

Maurício Hugo

 

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