As safras crescem no Brasil todo e em Mato Grosso do Sul também. E com essa realidade positiva surgem os gargalos e problemas. Um dos mais graves é o déficit de armazenamento dos grãos, especialmente soja e milho. Em MS, tanto a safra de soja quanto a de milho aumentaram e a capacidade de armazenamento se mantém estanque há vários anos em aproximadamente 12 milhões de toneladas. O secretário-executivo de Desenvolvimento Econômico da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado, Rogério Beretta, admitiu o déficit demonstrando preocupação. Segundo ele, o que tem salvado são os chamados silos-bag. Cálculos não oficiais estimam o déficit de armazenagem no Estado em 17 milhões de toneladas, sem se levar em conta a armazenagem improvisada em silos-bag.
Beretta lembrou que MS produziu na safra passada, entre soja e milho, as principais culturas, aproximadamente 20 milhões de toneladas. Foram aproximadamente 12 milhões de soja e 8 milhões de milho. Só que neste ano, somente a safra de soja atingiu 15 milhões de toneladas, enquanto a de milho poderá atingir 14 milhões de toneladas, o que significaria uma safra total de milho e soja de 29 milhões de toneladas, 9 milhões de toneladas a mais. “E esse ano temos mais um agravante, em função das baixas cotações da soja na fase de desenvolvimento da safra, logo após o plantio, diferentemente de outros anos, os agricultores não anteciparam as vendas. Nunca se vendeu tão pouca soja antecipada, e esse produto está estocado porque os produtores aguardam melhores cotações”, explicou o secretário.
Com isso, há sérias preocupações no Governo, assim como o problema se estende para todo o País, especialmente entre os maiores produtores, como Mato Grosso, onde hoje já se encontram em algumas propriedades montanhas de milho à céu aberto. Naquele estado há outras preocupações também, como o mau estado de algumas estradas que dificultam o escoamento da produção.
Conforme números oficiais a produção agrícola nacional cresceu nas duas ultimas safra quase 8%. E nesse mesmo período a estrutura para armazenamento de grãos teria crescido menos de 3,5%. Em função dessa disparidade entre o aumento da produção de grãos e o baixo crescimento da capacidade de armazenagem, aproximadamente 60% da atual produção brasileira tem onde ser armazenada.
Em Mato Grosso do Sul, os últimos números da Conab apontam para uma capacidade de armazenamento, em armazéns tradicionais catalogados pela empresa oficial, pouco mais de 12 milhões de toneladas. Não existem números oficiais sobre a armazenagem em silos-bag, mas segundo o secretário-executivo de Desenvolvimento do Estado, Rogério Beretta, é cada dia maior a utilização de silos-bag nas propriedades rurais, até porque, não existem outras possibilidades de armazenagem das safras.
Maurício Hugo