O hacker que foi famoso pelo escândalo Vaza-Jato, Walter Delgatti Neto, foi preso pela Polícia Federal nesta terça-feira na cidade de São Paulo por descumprir decisão judicial.
Ele ficou conhecido em 2019 por invadir perfis no aplicativo Telegram e vazar mensagens de procuradores da Operação Lava-Jato. Segundo os investigadores, Delgatti descumpriu ordens impostas pela Justiça. Em relatório, a PF destacou que Delgatti descumpriu determinação judicial de não usar a internet e criou e-mails e uma conta em um site de compras. Os investigadores apontaram que foi criado um e-mail, ligado à conta bancária do hacker, para angariar doações por meio de Pix. Os acessos a esse endereço eletrônico foram feitos em setembro, outubro e novembro de 2022. Ainda de acordo com a PF, Delgatti criou uma conta num site de compras na qual enviou documentos “contendo autofotografias em datas posteriores à decisão judicial de proibição de acesso à internet”. Os investigadores identificaram também a criação de contas para serviço de backup em nuvem, em julho, agosto e dezembro de 2022, uma delas contendo “envio de documentos e selfies de Walter”.
Em julho de 2019, Delgatti já havia sido detido pela Operação Spoofing, realizada para desmantelar uma “organização criminosa envolvida em atividades cibernéticas ilícitas”, de acordo com a PF. As investigações revelaram que o grupo conseguiu acessar contas no aplicativo de mensagens Telegram que eram utilizadas por autoridades envolvidas na Lava Jato. Na ocasião, o hacker admitiu que invadiu as contas de procuradores e confirmou que compartilhou as mensagens com o site The Intercept Brasil. Delgatti chegou a ser preso em 2019 e estava em liberdade, aguardando julgamento.
Segundo o advogado do hacker, Ariovaldo Moreira, em agosto de 2022, Delgatti se encontrou com Jair Bolsonaro (PL), então candidato à reeleição que queria a opinião dele sobre a segurança das urnas eletrônicas; e também teria se reunido com Valdemar Costa Neto, presidente nacional do Pl. Delgatti dizia que tinha condições de hackear o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes. A deputada federal bolsonarista, Carla Zambelli (PL-SP), já havia confirmado também ter se encontrado com o hacker da “vaza jato”.