50 anos do golpe militar no Chile. De 1973 a 1990, o país registrou mais de 40 mil torturados e amargou uma das ditaduras mais violentas da América Latina

No amanhecer do dia 11 de setembro de 1973, a Junta Militar chilena empreendia um dos maiores golpes a uma democracia. O maior foco do golpe era derrubar Salvador Allende e seu projeto de socialismo democrático.

O comandante das Forças Armadas, e do golpe de Estado, Augusto Pinochet, ordenou o cerco e o ataque por tropas e tanques ao Palácio la Moneda. Fuzileiros navais ocuparam a costa de Valparaíso, a 100 quilômetros de Santiago, e cortaram as comunicações da cidade com o resto do país.

Allende, ao se ver encurralado e em risco de ser assassinado, faz seu último discurso às 10h10, pela única rádio ainda fiel ao governo e que ainda conseguia transmitir, já que os golpistas apontaram sua munição para todas as rádios não alinhadas ao golpe. Ele informa a população sobre o levante e pede aos trabalhadores que mantenham a serenidade e se dirijam para seus locais de trabalho. “Saibam que, antes do que se pensa, de novo se abrirão as grandes alamedas por onde passará o homem livre, para construir uma sociedade melhor”, são as palavras finais do líder revolucionário que se mantém no palácio mesmo sabendo que vai ser deposto brutalmente.

Emissoras apoiadoras da ditadura transmitiam comunicados dos golpistas, inclusive o anúncio da formação de uma junta composta pelos comandantes das três Forças que exige a renúncia do presidente.

Allende lutou para acabar com o capitalismo no Chile e impor, pelas urnas, uma economia socialista mais igualitária, o caminho que os chilenos chamavam de “revolução a empanadas e vinho tinto”, itens obrigatórios na mesa da família chilena. Mas Pinochet toma de assalto o poder e a presidência do país impondo o juramento de silêncio de todos os generais aliados.

A história conta que Salvador Allende, o presidente deposto, cometeu suicídio no interior do palácio presidencial, que foi cercado e bombardeado pelas Forças Armadas, mas sua morte ainda suscita dúvidas entre pesquisadores, historiadores e políticos: suicídio ou execução?

Foram 17 anos de ditadura no Chile. Mais de 40.000 pessoas foram detidas e torturadas pelos militares, mais de 3.200 foram executadas ou desapareceram em um contexto político fascista que durou de 1973 a 1990. Os restos mortais de cerca de 1.500 dessas vítimas ainda não foram encontrados.

Em 1988, Pinochet perdeu um plebiscito que decidiria se ele continuaria ou não no comando da República. Deixou o cargo 2 anos depois. Seu regime é considerado um dos mais violentos da América Latina.

O plano do Chile para buscar desaparecidos do regime militar de Pinochet.
Recentemente, o presidente Gabriel Boric assinou um decreto para formalizar o Plano Nacional de Busca de Vítimas de desaparecimento durante o regime militar. “Assumimos como Estado, não apenas como governo, a remoção de todas as barreiras para esclarecer as circunstâncias do desaparecimento e/ou morte das vítimas”, afirmou o presidente chileno durante uma cerimônia no Palácio de La Moneda, a sede da Presidência, na qual estava rodeado de políticos, ativistas dos direitos humanos e familiares das vítimas.

Compartilhe essa notícia

Facebook
Twitter
WhatsApp

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *